São momentos em que ficam visíveis as superficialidades que
escondem o verdadeiro eu de cada um. Acredito que seja essa a questão: nas relações sociais, por mais próximos que
sejam os sujeitos que interagem (familiares ou grandes amigos), existe sempre a
tentativa ininterrupta de esconder algo. A anormalidade não é, nesse caso, ser
diferente do normal. Pelo contrário, essa superficialidade que fica visível às
vezes é exatamente a tentativa de ser normal,
no pior sentido da palavra. É o reflexo da constante luta interna por se
adaptar ao mundo, por abdicar do que somos para conseguirmos ser aceitos.
A impressão, nessas ocasiões, é de sorrisos contidos,
palavras calculadas, simples ações que são pensadas antes de praticadas, e essa
retenção, essa tentativa de mecanização, nos transmite enorme distanciamento da
verdadeira identidade da pessoa. Me pego também, é claro, regulando sentimentos, escondendo angústias,
programando cada ato, como se ser humano fosse uma fraqueza, quase
inaceitável.
Talvez seja por isso que as relações sejam tão inconstantes. Daí, quem sabe, vem essa dificuldade do mundo moderno em estabelecermos ligações concretas e duradouras com outros. Nos preocupamos tanto com o modo como vamos agir que esquecemos de demonstrar quem somos. Falta esse toque de humanidade nas relações.
Talvez seja por isso que as relações sejam tão inconstantes. Daí, quem sabe, vem essa dificuldade do mundo moderno em estabelecermos ligações concretas e duradouras com outros. Nos preocupamos tanto com o modo como vamos agir que esquecemos de demonstrar quem somos. Falta esse toque de humanidade nas relações.
As artes que valem realmente a pena, como algumas pinturas e
músicas, são aquelas que nos transmitem os mais humanos dos sentimentos. São as
que desmascaram todo o melindre social, ultrapassam as barreiras que erguemos
sobre nossas personalidades verdadeiras e nos tocam no âmago, aquecem o
coração.
Já disse uma vez que o homem é um eterno poderia ter sido. E
acho que isso se deve ao medo de nos conhecermos a fundo, de olhar no espelho
da alma e fazer dela nossa face externa. Transformamos nossos corpos em nossas
prisões, e aí há pouca esperança de abraços sinceros, conversas francas e amores
verdadeiros. Nos tornamos de plástico, e plástico derrete se queimar demais.