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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Vamos falar de: Sexismo

É, sinto que mesmo depois de uma busca incansável contra o uso do polêmico livro Cinquenta Tons de Cinza como um ponto de referência para essa matéria, acaba que ele é mesmo uma boa base para abrir espaço para uma discussão de um assunto desse porte. Vamos falar de sexismo. Sim, eu não suporto mais ter que debater esse assunto e usar o livro da E. L. James para comparar. Eu acho que existe gente que precisa de uma explanação bem detalhada do assunto, uma vez que os termos (machismo, feminismo, sexismo e blá blá blá) acabam se confundindo um pouco, e os debates a cerca disso se tornam no mínimo incoerente. E uma observação válida: não quero dizer, pelo amor de Deus, de R’hllor, de Alá, do caralho a quatro que eu estou julgando quem gosta de Cinquenta Tons de Cinza, ou quem gosta dessa pegada sadomasoquista, mas sim quem é sexista, pois pelo menos do ponto de vista que EU vejo a coisa, não existe prática, ou conjunto de ideias pior do que isso. Ou talvez até tenha. Mas enfim.

Vamos ao ponto chave. Por que diabos, João, você usou esse livro maravilhoso da James, sendo que você nem leu (sim, eu nem li!), e além do mais nem tem nada disso que as pessoas falam? Vou te dizer o motivo: eu li o suficiente, e acho que algumas coisas a gente percebe antes de terminar. E as partes soltas que acabei lendo por indicação foram bem gritantes nesse aspecto. E acho justo - antes de começar a abordagem que realmente importa -, eu dizer que o uso de sexo foi abusivo, os personagens foram mal delineados e a escrita foi terrível, além do ponto chave da matéria que foi o machismo, ou mais abrangente, o sexismo,

Vamos inicialmente ver o significado de cada um dos termos: sexismo, feminismo e machismo.
Sexismo é um grupo de ideias e atos, em que um indivíduo, independente do seu sexo ou orientação sexual, se julga superior somente pelo seu gênero ou sexualidade. Um exemplo bom disso é o fato de um homem se achar no direito de ganhar mais do que uma mulher, mesmo os dois tendo o mesmo emprego, mesmo cargo, etc, usando como pretexto a ideia do sexo frágil e tantas outras que obscurecem a história humana. Logo, esse termo se refere à superioridade de determinado gênero sobre outro. Ou seja, machismo e feminismo são vertentes do sexismo, embora se confundam.
Machismo é basicamente a ideia de que homens são superiores às mulheres. Não só fisicamente, mas social e culturalmente, como se fossem seres criados para dominarem o sexo oposto.
Feminismo, por outro lado, é um movimento de caráter político e social, em que a meta é uma sociedade sem distinção sexual, onde as mulheres e os homens possam desfrutar de todos os direitos igualmente.



Concluída esta etapa, vamos ao que realmente interessa. E vou voltar a falar do livro polêmico. Do que ele trata? Da Ana, que era uma pacata garota que me parece que nunca tinha sido beijada (já vi isso em algum lugar, mas a “garota” era bem velhinha e cantava muito –Q), que conhece o galanteador Grey, um empresário misterioso e muito sedutor. E o que acontece? Ela se apaixona por ele. Pff. Mas nem é necessária um aprofundamento, pois não é isso que me faz querer matar a autora. Depois de se conhecerem melhor, e de umas preliminares bem forçadas, eles vão pra cama. E olha, mesmo com todas as evidências do seu machismo sendo expostas no momento do sexo, nem achei isso o X da questão. Tipo, nem é “errado” esse tipo de coisa no ato sexual, já que as pessoas viram coisas loucas nessas horas, né? Né? –n Pois bem, a pior parte vem depois de um contrato, isso mesmo um CONTRATO, onde a burra da Ana tem que assinar pra poder ficar com ele e blá blá blá. Nesse contrato, ele diz expressamente que ela tem de chama-lo de SENHOR (WTFFFFFFFF?), e outras coisas que me confundem, ou me fazem rir, ou até mesmo tentar queimar o livro, mas enfim.

E finalmente, entrei no grande assunto.

Poxa, mas que droga é essa? A garota fica apaixonada loucamente por um cara que gosta de bater nela, de se achar melhor do que ela, que A FLAGELA QUANDO ELA FAZ OU FALA ALGO QUE NÃO O AGRADE???! Para o mundo, gente. Para.

Em todo canto tem mulher apanhando em casa aí, sofrendo mesmo, tendo que reprimir a raiva, o choro, a mágoa... aí vem uma pessoa que acha isso muito bonito, e escreve um livro onde apesar de tudo, o Grey consegue sempre o amor da Ana, incondicionalmente. Não é que não se deva abordar o assunto; acho que tem muito que se fazer isso, mas não dessa forma, não colocando a dominação sexual como algo bom.

Meio que todas as conquistas femininas são jogadas no lixo quando alguém acha “bonito”, charmoso, sexy um homem ser sexista. Se a gente voltar lá atrás, mulher não podia estudar, nem trabalhar, nem votar, só ficar em casa cuidando de filho e fazendo comida (bitch, please). Aí elas conseguem (AEAEAEAEAEA! FINALMENTE, AS MUIÉ CONSIGUIRO -Q), e vem a James (linda, diva, uma ótima escritora, cof cof) e escreve Cinquenta Tons de Cinza (todo mundo chora =/). Se você gosta um tiquinho de história, sabe a dificuldade que foi para que elas conseguissem isso.



E olhe bem, que mesmo assim, no mundo de hoje mesmo, as coisas não estão nem perto do ideal. Quem é que nunca viu marido dizer que lugar de mulher é na cozinha, que homem é o chefe da casa? Que mãe é mais importante na criação do que o pai (está vendo, mulheres são sexistas também, e algumas, como a autora E. L. James, são machistas), que homem não chora.

E assim, esse tipo de coisa infelizmente está inserido à sociedade, que vai precisar de luta para reverter isso. Um booooom exemplo é a religião. Ok, não me julguem por isso, mas eu sei do que estou falando. Nos registros bíblicos, passagens reforçando a diferença entre mulheres e homens na sociedade da época são bem fáceis de achar, e até mesmo a dominação ser algo bastante correto. E o pior é que tudo é meio que uma reação em cadeia. Os profetas de Cristo eram machistas (nem culpo tanto, já que naquela época, né), escrevem o que eles pensam que é o certo; o pastor vai lá e lê, e, como ele crê em tudo o que está escrito lá no livro, ele involuntariamente cria um pensamento sexista, como se fosse algo correto, divino; e depois, ele vai e passa a mensagem para os fiéis, que acabam por se tornar machistas. Assim fica complicado, né, Brasil? Nem quero falar de religião, pois não suporto mais ninguém jogando pedra, mas é a mais pura verdade. Somos machistas (falo da sociedade no geral), pois as nossas raízes são. Não vamos nos espelhar no passo ruim do mundo, mas nas conquistas que são frequentes na história. Problema chato do ser-humano que só se inspira no que não presta.

E acho que se a gente ficar escrevendo livro, fazendo filme, cantando música (vide funks) em que tudo isso é usado de forma correta, não chegaremos à igualdade que tanta gente gosta de falar, mas praticamente ninguém sabe o que é.

Sobre o Autor:
João Victor Ferraz Não que alguém se importe, mas João é um sonhador, no começo de seus 15 anos, que só pensa em fazer Jornalismo e ter livros em todas as estantes do mundo. Isso mesmo, do MUNDO.
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