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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vida torpe

Dedico este texto, a uma pessoa imprescindível. Alguém que nem mesmo a distância consegue separar e esse alguém faz aniversário: Rodrigo, esse texto é pra você. Espero que goste...


A vida seguia seu curso, torpe, debruçava-se nas esquinas.

Entrecruzava-se com o destino; criava o caos dentro de si; transformava-se e metamorfoseava enquanto um pálido céu etéreo erguia-se sobre tudo e todos. 

A vida apenas seguia seu destino. Virava e mexia, brincava com as mentes; deturpava a visão; remoia velhos sentimentos e emoções; engarrafava toda a alegria por puro e mero egoísmo. Como sempre, a vida apenas cumpria seu desígnio: viver. 

Quem é sábio já questionou o sentido do viver. Esse realismo dramático, essa apoteose maldita, encolerizada na mente humana. O pensamento incógnito da (não) razão... O viver, o pulsar enigmático, as batidas ressonantes do coração, o simples viver. Mas, o sonhar é mais real. 

A busca pelo sentido, pela razão ou até mesmo pela arché, ou ainda, pela physis, não é saída, tampouco solução. A grandeza inversamente proporcional da razão, é a felicidade. O pensamento lógico substitui a sensação anestesiante que é a emoção, a felicidade... 

Mas não é sobre isso que se trata esse texto. Falo aqui sobre a vida, não a busca dela, afinal isso seria maçante até para os mais intelectuais. Ninguém sabe viver, e, talvez por isso, ninguém saiba controlar a vida. Não, falo aqui sobre os acasos da vida, as melhores partes, as felizes coincidências e o passar das páginas... 

No torpor do destino, felizes coisas acontecem. Felizes coincidências. E nisso a vida prossegue, segue seu caminho ininteligível... Dos caprichos do destino, completam-se os dias, fazem-se meses, anos, aniversários...

E desses caprichos, surgem pessoas.

O tempo continua urgindo, desde antes de todos e continuará urgindo, após a dissipação da essência. A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo – nem a avidez transbordante do tempo –, é a angústia mais solitária da vontade. Não há fatos eternos, tampouco verdades absolutas e isso – cá entre nós –, nunca chegamos a cogitar.

E agora a vida chega a um novo patamar, um novo ápice.

Porém, o mesmo ser permanece incólume, dentro de cada um de nós. Deixa-nos marcas que nem mesmo o mais forte dos ventos, nem o mais rápido ou lento passar dos anos, pode remover.

O tempo não nos torna diferentes, apenas nos torna aquilo que nós somos.


Sobre o Autor:
Gilson Santiago Gilson tem 15 anos, ama escrever prosa e narrativas. Tem um gosto por ser clichê e ser irônico boa parte do tempo. Escreve por um mundo melhor, ao menos, em sua mente.
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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

sebastianravel disse...

Não só dedicaste esse texto a Rodrigo, mas também à beleza fundamental das palavras.

Blogs do Labedisco disse...

Leonardo, fico muito feliz que pense assim. É satisfatório ler comentários como esse. Muito obrigado mesmo!